Author: FLEIG
•18:37
O homem vem modificando a paisagem desde sua existência e os Jardins são relatados já nos primórdios, com o enigmático Jardim do Éden, caracterizado como o “Paraíso”. Como está descrito no Gênese, este era um local onde as árvores floresciam constantemente, o clima era agradável onde “tudo que era agradável de ser visto e bom como alimento” crescia. O específico design e a localização do Jardim do Éden tem sido motivo de controvérsia por séculos.
Para os tradutores do antigo testamento “jardim”, “parque” e “paraíso” são sinônimos. Ë interessante verificar que para a maioria das religiões e civilizações antigas os locais descritos como paraíso e de felicidade eterna são sempre jardins.

Apaixonado pela natureza, o pintor impressionista francês Claude Monet (1840-1926) iniciou o seu próprio jardim logo que se mudou de Paris para Giverny, em 1883. A natureza, as flores e a luz brincavam de revelar e esconder as cores e os aromas, fascinando o artista e criando o início de uma relação de cumplicidade, emoção e arte. Arte ao ar livre.

O Jardim de Monet está dividido em duas partes: um jardim de flores denominado Clos Normand em frente à casa (imagem da casa à esquerda) e um jardim aquático japonês que fica do outro lado da estrada. Os dois jardins são contrastantes e complementam um ao outro.

O Clos Normand de aproximadamente um hectare foi transformado por Monet num jardim cheio de perspectivas, simetrias e cores. A área foi dividida em dois canteiros de flores onde espécies de várias alturas criam o volume. Árvores frutíferas e ornamentais são apoios para roseiras trepadeiras, além de coloridos grupos de flores anuais. Existe uma mistura de flores silvestres com espécies mais raras.

Monet (na imagem a direita) não organizou nem desenhou seus jardins: ele as plantava de acordo com suas cores e as deixou crescer de forma livre. Com o passar dos anos ele passou a se interessar cada vez mais por botânica, e dizia que seu dinheiro ia todo em seu jardim.



O jardim aquático fica num terreno comprado por Monet em 1893, 10 anos depois de sua chegada à Giverny. Este terreno é cortado por um pequeno riacho, o Ru. Com o apoio da Prefeitura, Monet logo construiu ali uma lagoa para plantas aquáticas, ainda que isso tenha sido motivo de reclamações da vizinhança que achava que as plantas poderiam envenenar a água. O jardim aquático é cheio de assimetrias e curvas e foi inspirado em desenhos de jardins japoneses que Monet colecionava avidamente.


Somente do Jardim d’Água, Monet pintou mais de 272 obras catalogadas, durante 20 anos de trabalho. A sua ponte japonesa foi retratada 45 vezes, com diversas luzes e cenários naturais. 

No final de sua vida, o artista havia plantado mais de 1.800 espécies de flores e plantas, que conviviam em harmonia singular.
Hoje em dia, o jardim-patrimônio deixado por Monet, preservado como na época do mestre, pode ser contemplado em Giverny, na França. Ele nos faz entender a relação do artista com as suas obras e pensar na emoção de nossa própria relação como verde, impondo-nos a necessidade de uma constante preservação da maior obra de arte doada à humanidade, a natureza.
Nas cidades contemporâneas, a vegetação se constitui em um dos mais sensíveis, visíveis e tangíveis elementos naturais. Quer ela se encontre em praças e parques, ao longo de avenidas ou no fundo de quintais, ela apresenta um grande potencial a melhoria da qualidade de vida em nossas cidades.

Além de possibilitar uma contribuição valiosa do ponto de vista psicológico, criando um ambiente urbano mais agradável para se viver, a vegetação também auxilia na moderação de muitos extremos existentes nos microclimas urbanos. Ela ajuda na conservação de recursos de solo e água, e pode ser usada como filtro natural a regular pó, ruídos e ofuscamento típicos da atmosfera urbana. Ela também oferece alimento, abrigo e condições de reprodução para pássaros e pequenos mamíferos, que não só melhoram a qualidade do ambiente natural, mas também aumentam as oportunidades para o homem interagir com a natureza.
Um exemplo muito conhecido dos Porto Alegrenses dessa interação homem-natureza, valioso principalmente pelo ponto de vista pscicológico da população, é o tradicional chimarrão dos domingos na Redenção (imagem acima).

Este blog surge para apresentar o que há no paisagismo, suas relações intrínsecas com o homem, histórico, imagens, projetos e muito mais... acompanhe!


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